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Quando duas pessoas se casam, certamente esperam que este seja um relacionamento duradouro e traga felicidade. Porém, infelizmente, algumas situações, comportamentos e até mesmo motivos alheios à vontade e conhecimento dos envolvidos podem levar o casal a enfrentar momentos de crise no casamento.
A psicóloga Bianca Benevenuti, que atende pela plataforma ZENKLUB, comenta que existem vários motivos que podem levar o casamento a uma “crise séria” como, por exemplo, acreditar ser o detentor da verdade, não compartilhar sonhos e ideais, não apoiar o cônjuge ou deixar de se divertir e rir um do outro (sobretudo nos momentos mais turbulentos). “Mas, eu apontaria a falta de comunicação como o principal motivo que acentua a crise no casamento”, destaca.
Um ponto importante é saber que, em todas as relações – inclusive nas mais felizes e duradouras –, existem períodos de “maior proximidade” e períodos de “maior afastamento” entre o casal. O nascimento de um filho, por exemplo, uma fase corrida no emprego, o desemprego, entre muitos outros acontecimentos podem gerar níveis mais elevados de estresse – o que, inevitavelmente, pode levar a discussões e até certo distanciamento entre os cônjuges. Porém, tendo em mente a importância do diálogo, tudo costuma se resolver da melhor maneira.
Porém, muitas vezes, um casal demora a perceber ou evita aceitar os problemas e, dessa forma, a situação pode se agravar, trazendo à tona a triste pergunta: “como salvar o casamento?”
Não existe uma receita para esta questão, que é muito pessoal, no entanto, se atentar a alguns “conselhos” pode ser o ponto de partida para que um casal se abra para novas possibilidades, decida permanecer junto e lute pelo seu casamento.
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1. Não se afastar do outro
A psicóloga Bianca Benevenuti comenta que, para salvar o casamento, é necessário encerrar o ciclo vicioso que geralmente acontece quando o casamento não vai bem. “O ciclo de: estar ferido, afastar-se do outro, não conversar, não tentar resolver as questões e, com isso, permanecer ferido e, assim, ir dando continuidade…”, diz.
Para dar fim a esta situação, de acordo com a psicóloga, é preciso que a pessoa diminua as certezas que tem da vida, que deixe de acreditar que é a detentora da verdade. “É preciso ouvir o outro e ponderar, antes de ser reativo. Conversar, em vez de se irritar por acreditar que não está sendo compreendida, procurar pontuar o que não está de acordo”, orienta.
2. Investir em pequenos gestos
Um erro comum entre muitos casais, especialmente aqueles que estão juntos há muitos anos, é pensar que o outro já foi conquistado e que não sente falta de pequenos gestos de carinho e atenção.
É importante, então, inserir alguns sentimentos e atitudes no dia a dia, como admiração, troca mútua de carinho e companheirismo. Que tal começar (ou voltar) a dizer “bom dia” assim que acordarem; desejar ao outro um “bom trabalho” antes de saírem de casa; à noite, perguntar como foi o dia; Por que não dar um “selinho” toda vez que vocês se reencontrarem ao longo do dia e/ou forem sair para lugares diferentes? São gestos simples, mas que podem fazer toda a diferença na rotina do casal!
3. Avaliar e mudar os próprios comportamentos
Quando um casamento não vai bem, é mais provável que a pessoa “culpe” o outro por isso. Mas, é importante parar e refletir: “Qual tem sido meu papel nesta fase ruim do relacionamento? Eu também tenho contribuído para que a situação se agrave ou estou tentando, de fato, salvar o casamento?”.
Vale lembrar que ninguém salva um casamento sozinho, da mesma maneira que, geralmente, ambas as partes estão colaborando para que o casamento esteja mal. Ou seja: não dá para culpar o outro por tudo! É preciso avaliar a relação como um todo, reconhecer seus próprios erros e, se necessário, mudar alguns de seus comportamentos.
Não é preciso esperar a atitude do outro. Se deseja, por exemplo, um clima mais romântico no relacionamento, propicie isso e também fale com ele sobre seus gostos – faça isso sem cobranças, mas por meio de atitudes e demonstrações positivas.
4. Lembrar que a comunicação é uma aliada poderosa
Reconhecendo que o casamento não vai bem, um passo importantíssimo é lembrar que a comunicação é a base de qualquer relacionamento. “Acreditar no mito de que, no momento da crise, ‘quanto menos falo, quanto mais guardo os sentimentos, o tempo passa e tudo se resolve’ não é efetivo”, destaca a especialista.
“A comunicação é a melhor ferramenta no casamento para a resolução de conflitos e divergências de pontos de vista. É necessário lembrar que ambos vêm de famílias diferentes, com costumes diferentes. O casamento é a formação de dois indivíduos com universos, valores e crenças diferentes. A verdade não está no modo de ver de nenhuma das partes, mas no novo modo de ver que ambos criarão juntos. Isto leva tempo, dedicação, paciência e vontade”, ressalta Bianca.
5. Sair um pouco da rotina
Marcar uma viagem que vocês sempre planejaram fazer ou até mesmo fazer uma viagem rápida de fim de semana são ótimas oportunidades para atrair o clima de romance. Mas, claro, viajar não é a única opção para sair da rotina.
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Quem tem filhos, por exemplo, pode buscar um momento a sós entre o casal para uma conversa agradável, para as trocas de carinho…
O casal pode sair para jantar, ir ao cinema, enfim, fazer qualquer programa que há um bom tempo não faz e que, naturalmente, estimulará a boa convivência e o carinho entre os dois.
6. Procurar por uma terapia de casal
“Procurar terapia de casal nos momentos de incertezas, conflitos ou dores emocionais se mostra uma decisão favorável à mudança comportamental e manutenção de bem-estar, pois os limites são ampliados, as crenças limitantes são questionadas, dando lugar a novas possibilidades”, explica Bianca.
7. Lembrar-se de como tudo começou e admirar o outro
Tente se lembrar de como vocês se conheceram, como se apaixonaram e decidiram viver juntos. Conversem sobre isso, claro, sem forçar a barra, de maneira natural!
Lembre-se das qualidades que você enxergava nele. Muitas vezes, a admiração é deixada de lado com o passar dos anos, deixando espaço para a exaltação de defeitos e queixas no relacionamento. Por isso, neste momento de crise no casamento, é muito importante lembrar-se de que não existem pessoas perfeitas… Porém, a partir do momento que existe amor, que o esperado é ter uma boa convivência, a maneira de enxergar o parceiro deve conter doses de compaixão e carinho.
Mas, é claro, isso não é desculpa para idealizar o parceiro! Mais uma vez a comunicação é a palavra-chave. Respeitar o outro é uma obrigação num relacionamento; fechar os olhos a comportamentos com os quais você não concorda, não! Por isso, o caminho é conversar!
8. Não se desesperar
Se você espera salvar seu casamento, saiba que isso não vai acontecer de uma hora para outra. É preciso agir, claro, mas também ter boas doses de paciência.
“Nesta fase, não dá pra se isolar, procurar resolver as questões sozinho, tornar-se agressivo, desesperançoso, ficar ansioso em relação ao tempo, esperando resultados rápidos”, destaca Bianca.
9. Avaliar até que ponto “vale a pena”
Quem casa deseja, certamente, que esta relação seja “para sempre”. No entanto, algumas vezes isso não se cumpre… Em alguns casos, o “continuar junto” significa abrir mão da sua própria felicidade e valores.
Então, num momento de crise, é importante parar para refletir: “posso mesmo salvar este casamento? É isso que quero e é isso que meu parceiro também quer?”.
Como saber até que ponto vale a pena “correr atrás”? Se ainda existe amor, provavelmente tudo pode se acertar. Porém, “quando um não quer, dois não fazem”. Então, se, entre ambos, ou, para pelo menos um dos lados, “acabou o amor”, pode ser difícil seguir em frente.
“Apenas questionar como este amor tem se expressado mostra que ainda existe uma possibilidade… Possibilidades de mudanças, rearranjos e ressignificações. Mas, questionar o significado, o sentido, o amor, torna um pouco mais complicado a manutenção da relação”, comenta Bianca.
Mas, será que, para salvar o casamento, existem regras?! Com certeza não! Cada caso é único e deve ser respeitado nas suas particularidades. O essencial é o diálogo entre o casal, e ninguém mais! Somente as duas partes envolvidas poderão entrar – ou não – em um acordo e, assim, reacender o amor e o desejo de ficar junto – que foram, provavelmente, os sentimentos que os uniram!
Tais Romanelli
Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.