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Como Rebeca Andrade encantou o Brasil e o mundo com seu Baile de Favela

Rebeca Andrade

Atualizado em 03.11.23

Aos 22 anos, Rebeca Andrade encantou o Brasil nas madrugadas de julho, quando faturou duas medalhas nas Olimpíadas de Tóquio 2020. Após superar 3 lesões graves no joelho, a performance de Baile de Favela rodou o mundo e mostrou o potencial da maior ginasta brasileira em atividade.

Índice do conteúdo:

A trajetória de Rebeca Andrade

Nascida na periferia de Guarulhos (SP), Rebeca Rodrigues de Andrade foi criada pela mãe, Rosa Santos, e tem mais sete irmãos. De infância humilde, encontrou a ginástica aos 4 anos em um projeto social promovido pela prefeitura de Guarulhos, no Ginásio Bonifácio Cardoso.

O apoio da família sempre foi fundamental na vida de Rebeca. Seus irmãos a levavam aos treinos. Como o trajeto era longo, as opções se resumiam a andar a pé durante duas horas ou levá-la de bicicleta.

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Aos 9 anos, Rebeca foi convidada para treinar em um centro de treinamento de ginástica em Curitiba. Tanto a mãe quanto os irmãos a incentivaram a ir. Após um período na capital paranaense, ela foi convidada pelo técnico Francisco Porath a fazer parte da equipe do Flamengo, no Rio de Janeiro.

Títulos e conquistas

Em 2012, Rebeca tinha apenas 13 anos e conquistou seu primeiro título ao vencer grandes ginastas, como Jade Barbosa e Daniele Hypólito, no Troféu Brasil de Ginástica Artística. Ela ainda venceu o Campeonato Sul-Americano Juvenil no mesmo ano.

Já em 2015, estreou em competições mundiais e garantiu a medalha de bronze nas paralelas assimétricas. Desde então, Rebeca vem se destacando em diversas etapas da Copa do Mundo de Ginástica, até se consagrar campeã mundial no cavalo e vice-campeã nas barras assimétricas em 2021.

Rebeca Andrade entrou para a história do esporte ao faturar duas medalhas, uma de ouro e outra de prata, nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Trouxe para o Brasil a primeira medalha feminina na Ginástica e é a primeira atleta brasileira com duas medalhas em uma mesma Olimpíada.

O efeito Rebeca Andrade no esporte brasileiro

O desempenho de Rebeca nas Olimpíadas contagiou o país. No ginásio de Guarulhos, em que ela iniciou sua carreira, mais de 300 crianças foram inscritas depois de suas apresentações. A Confederação Brasileira de Ginástica já conta com 13 mil praticantes, um recorde na modalidade.

Durante a participação da atleta nos Jogos Olímpicos, Daiane dos Santos comentou que a primeira medalha feminina da ginástica brasileira foi de uma negra. Em seu discurso após ganhar as medalhas, Rebeca encorajou o esporte brasileiro ao falar: “Não desistam, acreditem no sonho de vocês e sigam firmes. Dificuldade sempre teremos, mas temos que ser fortes suficientes para passar por elas”.

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10 curiosidades sobre a ginasta

Para além do Baile de Favela, Rebeca tem uma carreira consolidada e coleciona títulos, capas de revista e premiações individuais, confira:

1. Primeira latino-americana medalhista e campeã olímpica na ginástica artística feminina

Rebeca fez história nas Olímpiadas de Tóquio 2020 ao faturar duas medalhas: prata no individual geral e ouro no salto. Isso significa que ela se tornou a primeira mulher latino-americana a subir no lugar mais alto do pódio em um esporte com hegemonia norte-americana e russa. Um marco, não só para o Brasil, mas como no mundo inteiro.

2. Daianinha de Guarulhos

A ginasta começou a treinar após uma tia, que trabalhava na prefeitura de Guarulhos, descobrir sobre o projeto social da cidade. Sua primeira técnica foi a árbitra internacional Mônica Barroso dos Anjos. Ao ver Rebeca pular no tablado, ela brincou que menina seria a Daianinha de Guarulhos, em alusão à ginasta Daiane do Santos.

3. Fez 3 cirurgias nos joelhos

Na busca das dezenas de medalhas conquistadas, Rebeca também sofreu lesões. Assim, ela operou o joelho direito três vezes. Em 2019, que foi sua última cirurgia, foi preciso tirar um pedaço do tendão patelar esquerdo para poder fazer um enxerto no joelho direito. Com o adiamento dos Jogos Olímpicos, ela conseguiu se recuperar bem e treinar ainda mais para conquistar a tão sonhada medalha olímpica.

4. É cantora no tempo livre

Em seu tempo livre, Rebeca Andrade impressiona seus milhões de seguidores nas redes sociais com sua voz encantadora. Fã declarada de Rihanna e Beyoncé, ela aproveita os momentos em que não está treinando para praticar o hobby e fazer vídeos de dancinhas que viralizam na internet.

5. Capa da Vogue Brasil

Rebeca Andrade

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Por causa da sua representatividade, ela foi a capa da maior revista de moda do país no mês de outubro em 2021. Este ano é muito simbólico, pois a atleta dançou junto ao Baile de Favela, música utilizada por ela no solo, e eternizou o momento contando sua história ao estrelar sua primeira capa de revista.

6. Atleta do ano de 2021

Ao lado do canoísta Isaquias Queioz, Rebeca Andrade foi eleita a atleta do ano pelo Comitê Olímpico Brasileiro, desbancando atletas como Rayssa Leal e Ana Marcela Cunha. Por isso, esse ano é considerado um destaque para a ginasta: atleta do ano e campeã olímpica e mundial.

7. Porta-bandeira do Brasil nas Olimpíadas

O desfecho da maior competição esportiva do planeta contou com a presença da ginasta e seu técnico no encerramento. Enquanto a judoca Ketlyn Quadros e o jogador de vôlei Bruninho foram os porta-bandeiras da abertura, Rebeca ficou encarregada de carregar a bandeira do Brasil para fechar o evento com chave (e medalha) de ouro.

8. Teve o desempenho exaltado por Simone Biles

Simone Biles, a maior estrela da ginástica artística, assistiu das arquibancadas as performances de Rebeca. Em entrevistas, ela exaltou os feitos da ginasta brasileira: “Eu acho que ela é incrível. Depois de tudo por que ela passou. É inspirador. Eu sei que ela teve muitas lesões. Ver a Rebeca nessas Olimpíadas e ir tão bem, foi muito empolgante. Acho que ela vai se sair muito bem nos próximos anos nas competições. É apenas um começo para ela”.

9. Já faturou 16 medalhas em Copas do Mundo

Desde 2015, Rebeca já faturou mais de 15 medalhas em etapas da Copa do Mundo, em aparelhos como barras assimétricas, salto, trave e por equipes em 2019. Uma verdadeira colecionadora de vitórias!

10. A parceria com o técnico Francisco Porath

Após as conquistas, Rebeca sempre exalta a participação do técnico Francisco Porath, que a acompanha desde os treinamentos em Curitiba. Em postagens no Instagram, ela revela como ele virou sua figura paterna e que, sem ele, ela não teria conseguido. “Você é o meu orgulho, você é o melhor de todos e você me ajudou a fazer acontecer! Obrigada por sempre acreditar em mim! NÓS SOMOS CAMPEÕES OLÍMPICOS!”.

O ciclo de Paris 2024 está só se iniciando para Rebeca, que promete trazer mais alegrias para o povo brasileiro. Falando de grandes orgulhos nacionais, conheça também Tifanny Abreu, a primeira atleta trans a disputar a Superliga de Vôlei Feminino.